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Novo terminal portuário em Aracruz preocupa surfistas e gera protestos nas redes sociais

Poucas pessoas sabem, mas a cidade de Aracruz, no norte do Espírito Santo, possui uma das maiores ondas para a prática de surfe do território brasileiro. O pico conhecido como “Secret” é o terceiro maior do território, chamando atenção de turistas e atletas de todas as partes do Brasil.



Apesar de sua importância, a região vem sendo ameaçada pela construção de um novo de Terminal Portuário de Uso Privado (TUP) que, caso não seja revisto, comprometerá o potencial turístico e socioambiental da região.


CONTEXTO

Após um longo período de espera, a empresa responsável pelo projeto finalmente recebeu autorização para construir o novo terminal portuário na Barra do Sahy, em Aracruz. O objetivo é criar um complexo de terminais para atender diferentes tipos de carga, com cais de atracação, quebra-mar e dois píeres, norte e sul. Ao todo serão 1.032.639,20 m² de novas edificações.


PROTESTOS

Após a divulgação oficial do projeto, membros da comunidade do surfe deram início a uma onda de protestos nas redes sociais sobre os impactos da obra para a prática do esporte na região. Segundo eles, a construção do porto comprometeria o maior pico de onda do Espírito Santo, e, consequentemente, um dos locais mais propícios para a prática do esporte em todo o Brasil.



Surfistas renomados como Carlos Burle, Felipe Toledo, Rodrigo Cardoso e Krystian Kymerson gravaram vídeos apoiando os protestos e pedindo novas soluções para a problemática do porto. A principal reivindicação não era o boicote da obra, que promete ampliar um dos principais canais marítimos do estado, mas a reestruturação do projeto com maior foco no desenvolvimento sustentável.


Os protestos afirmam que a construção foi divulgada como estratégia para gerar emprego e renda para a população capixaba, mas desconsiderou os possíveis impactos às atividades de lazer, à prática de esportes e, em especial, ao grande potencial turístico do local.


A SITUAÇÃO HOJE

As manifestações chamaram atenção da diretoria da empresa, mas, até o momento, nenhuma medida foi decretada. Durante o período de ‘negociação’, no qual discutia-se sobre o que poderia ser feito para solucionar o impasse, os atletas sugeriram à organização que modificasse a posição de um dos píeres em 200 metros, mantendo a área para surfe. Nenhuma resposta foi dada à proposta.


Segundo o surfista e empresário Alexandre Góes Batalha, o sentimento é de frustração:

“Da minha parte, o mais triste é saber que existe uma solução e que foi desconsiderada, desrespeitando toda a mobilização da comunidade dos surfistas e acabando com uma joia rara da natureza. Uma empresa sustentável não pode cometer um crime desse”, alega.

Nas mídias sociais, Alexandre e outros líderes do movimento continuam sensibilizando pessoas para ajudarem a cobrar um novo posicionamento da empresa. Uma ação pública também foi aberta para cobrar respostas dos órgãos responsáveis.


Além de garantir a conservação do pico “Secret”, o protesto se tornou uma missão para reconciliar a relação entre a comunidade do surfe, a comunidade local e a empresa, provando que natureza e progresso não precisam ser inimigos. Afinal, o diálogo com a iniciativa privada é uma importante estratégia para construção de um futuro mais ecológico e responsável com o meio ambiente.

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