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#96: Conheça a AMARIV, a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis da lha de Vitória

Qual o valor dos resíduos que produzimos em nosso dia a dia? Em busca da resposta para essa questão, e da realidade por trás do trabalho dos catadores de materiais recicláveis, o Projeto Ecofrade, do Instituto Últimos Refúgios, fez uma visita à AMARIV, a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis da Ilha de Vitória.


A missão foi entender o processo de ressignificação dos resíduos e conhecer as histórias por trás daqueles que realizam essa atividade tão importante para o meio ambiente e para toda a sociedade.


Confira o vídeo completo em mais uma edição do Programa Últimos Refúgios na TV Ambiental:



RECICLAGEM

Lúcio Heleno Barbosa, catador de materiais recicláveis e diretor financeiro da AMARIV, acompanhou o instituto em todas as etapas do processo, desde a chegada até a destinação para as indústrias de reciclagem.



Os resíduos chegam à associação em “big bags”, sacos enormes repletos de material. Após serem acomodados na fila de processamento, seguem para a mesa de triagem, onde os catadores fazem a separação entre plástico, papel, metal e outros tipos de resíduos. Nestas categorias, ainda há subdivisões, como diferentes qualidades de papel - papel branco, papelão, papel colorido e tetra pak, utilizado em caixas de leite - e mais de 16 tipos de plástico, separados de acordo com a cor e a composição química.



Após a separação, o conteúdo segue para a prensa, capaz de transformar 20 big bags em um fardo de um metro cúbico de volume, com cerca de 300 quilos. A compactação facilita o transporte até as indústrias de reciclagem, permitindo a acomodação de mais material em menos espaço nos caminhões.



Apesar da praticidade, o processo poderia ser ainda mais eficiente. O modelo de prensa utilizado pela AMARIV demora de 40 minutos a uma hora para produzir um único fardo. Atualmente, no mercado, existem prensas capazes de realizar o mesmo processo em apenas quatro minutos. Também existem empilhadeiras e pontes rolantes que movimentam os fardos pesados com muito mais agilidade e segurança para os catadores.


O investimento público é uma das principais reivindicações da associação. Afinal, o material encaminhado à AMARIV deixa de ir para os aterros sanitários, retorna à indústria e reduz o custo de produtos para o consumidor. Investir nas associações de catadores é uma estratégia que beneficia a sociedade, o meio ambiente e a vida de inúmeras famílias.


Histórias

A AMARIV é uma das quatro associações de catadores de Vitória, ao lado da Recicla Capixaba, AMARV e Ascamares, a primeira associação do município. Desde sua fundação, acolhe moradores e catadores de rua, mulheres e pessoas em situação de vulnerabilidade social, oferecendo oportunidades para uma vida mais digna e estável.


Vera Lucia Silva dos Santos, presidente da AMARIV há nove anos, encontrou na associação uma oportunidade de renda depois que a idade avançada reduziu suas oportunidades de trabalho. Após um período trabalhando de casa, com artesanato, foi indicada a associação e, desde então, orgulha-se da atividade que exerce com muito carinho e respeito.



Direto de São Paulo, Gabriel Viana, de 31 anos, veio para Vitória com apenas duas mochilas nas costas. O plano era encontrar um familiar, mas, ao chegar aqui, descobriu que ele havia falecido. Após receber a notícia, precisou morar em abrigos, e apesar dos esforços para conseguir um trabalho, parecia que as portas apenas se fechavam para ele. Foi então que encontrou a AMARIV, e hoje, graças ao trabalho que realiza na associação, orgulha-se de ter casa mobiliada, carro e uma vida digna com sua família.



O antigo morador de rua Delair Pereira Freitas, de 43 anos, e Luan Victor, de apenas 22, são apenas mais algumas das pessoas que tiveram suas vidas transformadas pela AMARIV.



Mesmo que muitos não conheçam suas histórias, o trabalho que realizam repercute em diversos segmentos da sociedade. Apoiar associações como a AMARIV não é apenas uma ação sustentável, mas também uma forma de contribuir com a trajetória de pessoas comuns, responsáveis por ressignificar o destino dos materiais que descartamos no dia a dia. Este é o verdadeiro valor da Coleta Seletiva e da mudança de pensamento em relação aos nossos resíduos.

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