top of page
  • Facebook - Últimos Refúgios
  • YouTube - Últimos Refúgios
  • Instagram - Últimos Refúgios
  • Twitter - Últimos Refúgios

POST EM DESTAQUE

Conheça os Marsupiais da Amazônia

  • Foto do escritor: Projeto Marsupiais
    Projeto Marsupiais
  • 26 de mai.
  • 4 min de leitura
Catita (Gracilinanus agilis) | FOTO: João Pedro Zanardo
Catita (Gracilinanus agilis) | FOTO: João Pedro Zanardo

Os mamíferos, classe Mammalia, são divididos em Prototheria e Theria. A subclase Prototheria abrange a ordem dos monotremados, mamíferos ovíparos, ou seja, que põem ovos. Os únicos representantes vivos dessa ordem são os ornitorrincos e as equidnas, ambos encontrados apenas na Austrália e na Nova Guiné. A subclasse Theria é dividida em duas infraclasses, Eutheria (placentários) e Metatheria (marsupiais), de mamíferos vivíparos.


A viviparidade corresponde ao desenvolvimento do embrião dentro do organismo materno, é uma característica comum entre os mamíferos placentários e marsupiais. Os mamíferos placentários têm gestações longas em contrapartida os marsupiais têm gestações muito mais curtas, porém possuem um período prolongado de lactação e consequentemente de cuidado parental. Os marsupiais nascem prematuros e terminam o crescimento junto ao corpo da mãe. Alguns marsupiais brasileiros possuem uma bolsa, o marsúpio, para proteção dos filhotes recém-nascidos.


Quando falamos em marsupiais logo nos lembramos de espécies australianas, como os famosos cangurus e coalas. No entanto, existem pelo menos 340 espécies de marsupiais, em grande parte restritos geograficamente à Austrália e à América do Sul, além  de algumas espécies distribuídas na América Central e apenas uma na América do Norte (Didelphis virginiana). Atualmente são descritas mais de 130 espécies de marsupiais nas Américas, correspondendo a cerca de 10% da diversidade de mamíferos da América do Sul. Os marsupiais sul-americanos existentes estão incluídos em duas linhagens: Ameridelphia (ordens Didelphimorphia e Paucituberculata) e Australidelphia. Enquanto Ameridelphia é altamente diversa neste continente, Australidelphia é representada apenas pela espécie Dromiciops gliroides


Cuíca -de-quarto olhos (Philander opossum)| FOTO: Leonardo Merçon
Cuíca -de-quarto olhos (Philander opossum)| FOTO: Leonardo Merçon

Os didelfídeos (família Didelphidae, a única da ordem Didelphimorphia) são a maior radiação de marsupiais americanos, principalmente da América do Sul, apresentando especialmente espécies arbóreas, de pequeno a médio porte, que habitam florestas tropicais e/ou subtropicais. Os didelfídeos abrangem as denominações populares gambás, cuícas e catitas. Esta classificação vernacular considera a comparação do porte das espécies: espécies de grande porte, as do gênero Didelphis, são denominadas de gambás; já as espécies de outros gêneros, quando possuem porte médio, são chamadas de cuícas, e as de porte pequeno são chamados de catitas.


No Brasil, ocorrem 15 gêneros e 69 espécies de marsupiais, estas são caracterizadas por dimensões externas, coloração e tipo de pelagem. A Amazônia é o maior bioma brasileiro e também um dos mais diversos do planeta. Os didelfídeos apresentam grande diversidade na Amazônia, com 48 espécies, das quais 21 são descritas como endêmicas, ou seja, ocorrem exclusivamente no bioma amazônico. 


Em quase toda a Amazônia Legal, ou seja, região delimitada no Brasil englobando nove estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão), é encontrado o gambá-comum (Didelphis marsupialis), uma espécie não endêmica do bioma que apresenta grande plasticidade ecológica e distribuição comum nas áreas de ocorrência.  O gambá-amazônico (Didelphis imperfecta) é uma espécie endêmica da Amazônia, porém, com ocorrência menos comum que o D. marsupialis. Morfologicamente eles podem ser distinguidos, por características como a coloração das orelhas, pois a espécie D. marsupialis apresenta orelhas totalmente enegrecidas, enquanto que D. imperfecta possui orelhas com pigmentação enegrecida na parte inferior e branca na parte apical. Pesquisas recentes, a partir da análise de fósseis e da distribuição geográfica ao longo do tempo de espécies vivas e extintas de didelfídeos, apontam indícios de que esse grupo de marsupiais pode ter surgido na Amazônia há aproximadamente 40 milhões de anos.


Cuíca-lanosa (Caluromys lanatus) | FOTO: Marcella Rosa
Cuíca-lanosa (Caluromys lanatus) | FOTO: Marcella Rosa

Ao contrário dos gambás, a cuíca-de-colete (Caluromysiops irrupta), endêmica do bioma, é uma espécie de ocorrência rara e a única do seu gênero. A nível global, pela classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (International Union for Conservation of Nature - IUCN) é classificada como pouco preocupante, devido à sua presença em áreas de conservação no Peru. No entanto, no âmbito brasileiro é classificada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) como criticamente em perigo, em virtude dos poucos registros da espécie, não sendo até o momento registrada  em unidades de conservação brasileiras. A cuíca-de-quatro-olhos ou cuíca-verdadeira (Philander opossum), espécie encontrada nos estados brasileiros do Amapá, Amazonas, Maranhão, Pará e Roraima, e a catita-de-cauda-curta (Monodelphis touan), com ocorrência nos estados do Amapá e Pará, são outros exemplos de espécies de marsupiais endêmicos do bioma amazônico.


Em virtude dos diversos serviços ecossistêmicos realizados pelos marsupiais, dispersão de sementes, regulação de populações de invertebrados e bioindicadores da qualidade do seu habitat, é importante destacar a necessidade de sensibilizar sobre a conservação destes, destacando que entre as espécies amazônicas, três delas ocorrem apenas na Amazônia Legal (as catitas Monodelphis vossi e Monodelphis saci e a cuíca Metachirus arinatai). A biodiversidade dos marsupiais amazônicos é essencial para o equilíbrio do bioma Amazônico. Além disso, devido a extensa área do território amazônico a diversidade de marsupiais pode estar subestimada. 


Texto: Ana Messias


Comments


Somos uma organização sem fins lucrativos. Por isso dependemos de doações para manter viva a luta em prol do meio ambiente. Sua colaboração mensal garante a continuidade e a independência do nosso trabalho.

Arte chamativa para ser um "Amigo do Últimos Refúgios", campanha de doação para levantamento de recursos na instituição.

Quer receber novidades? - Assine a newsletter

Obrigado por enviar!

CALL US:

+55 (27) 3500-0937

Rua Amarilio Lunz - 16 

Bairro República - Vitória, ES - Brazil

2006-2023 © Últimos Refúgios - All rights reserved

bottom of page