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Foto do escritorVitor Pinheiro

Em trabalho de 25 anos, 15 novas espécies de pequenos mamíferos foram registradas no norte do ES


Capa da revista Biociências; edição de 28/03/2023



Estudantes do curso de Biologia na cidade de Linhares tiveram seus trabalhos reunidos para publicação de um levantamento da fauna de pequenos mamíferos na região da foz do rio Doce, área considerada de alta prioridade para estudos de mamíferos, segundo o Instituto de Pesquisas da Mata Atlântica. Com as primeiras amostragens datadas de 30 anos atrás, o compilado intitulado Non-flying small mammals survey at the mouth of the Doce River, southeastern Brazil foi publicado no mês de março, na revista científica Biociências.


O projeto, financiado pelos pesquisadores e pelo coordenador, o professor Helder José, registrou 4 ordens, 8 famílias e 15 espécies de pequenos mamíferos na região da foz do Rio Doce, município de Linhares. O estudo teve o objetivo de produzir uma lista de espécies de pequenos mamíferos não voadores da região. Para isso, foram realizadas capturas com armadilhas, que foram parte de seis monografias, resultando em uma única publicação conjunta. O marsupial Didelphis aurita, o Gambá-de-orelha-preta, foi considerada a espécie mais comum na área de observação.



Marsupial Cuica-lanosa (Caluromys philander) observado durante o estudo / VIDEO: Iasmin Macedo




Coordenador de toda a pesquisa, o professor Helder aponta para o fato de que as espécies capturadas nos fragmentos da foz do Rio Doce não diferem das encontradas nas áreas de Mata Atlântica e proximidades. Segundo ele, o que chamou a atenção foi a escassez de roedores na área de atuação.


“Essa ausência nos faz elaborar duas possibilidades: a de que várias espécies não capturadas nunca ocorreram naquele local ou essas várias outras espécies lá ocorrem em densidade muito baixa. Não podemos descartar a possibilidade de que pelo menos algumas espécies estejam localmente extintas por perda de habitat”, concluiu Helder, que ainda deixou claro que mais estudos são necessários para testar todos os cenários na região.



Armadilhas de captura em funcionamento/ FOTO: Iasmin Macedo


A atual presidente do Instituto Últimos Refúgios, Iasmin Macedo, participou dos últimos resultados das pesquisas da publicação, em 2013 e 2017. Para ela, o registro de espécies nunca apontadas antes na região da foz do Rio Doce é o principal ponto de atenção do estudo, o que tem o poder de estimular novas pesquisas.


“Após cerca de cinco anos buscando essa publicação, é muito importante que as pessoas tenham o conhecimento de que essas espécies também estão alí e que precisamos de novos estudos para continuarmos fazendo essas descobertas”, completou Macedo, que com a mesma pesquisa, anteriormente chegou a outra publicação; essa sobre uma nova metodologia de captura de pequenos mamíferos arborícolas. Você pode conferir todos os detalhes dessa difusão aqui.


Outro ponto que chama atenção no trabalho são as localidades amostradas. O pesquisador que também fez parte do projeto, Mateus Cruz Loss, relembra que a região é prioritária para realização de estudos devido ao rompimento da barragem de Fundão, que despejou uma carga de rejeitos de mineração, atingindo o oceano através da foz. O processo passou por quatro locais de amostragem, que foram situados em uma Unidade de Conservação, duas matas de cacau (sistemas agroflorestais chamados Cabruca) e um conjunto de fragmentos de vegetação nativa (restinga).


“Os resultados mostraram que embora tenham uma diversidade baixa e predominância de espécies arbóreas, as matas de cacau foram capazes de preservar de forma considerável a biodiversidade nativa. Isso demonstra claramente que embora esta cultura altere e prejudique o ambiente natural, ela ainda é capaz de fornecer um ambiente favorável para algumas espécies”, completou Mateus, que é mestre em biologia animal pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Espírito Santo.



Pesquisadores Helder José, Iasmin Macedo e Mateus Loss (respectivamente da esquerda para a direita na segunda imagem) FOTOS: Iasmin Macedo e Mateus Loss


Você pode conferir as vinte e duas páginas de Non-flying small mammals survey at the mouth of the Doce River, southeastern Brazil clicando no botão abaixo:




Marmosa murina (Cuica-marrom) / FOTO: Iasmin Macedo







Cuica-lanosa-cinza (Marmosa paraguayana) jovem / FOTO: Iasmin Macedo



Projeto Marsupiais

O Projeto Marsupiais é uma iniciativa do Instituto Últimos Refúgios que atua na conservação dos marsupiais brasileiros. Desde 2017 realizamos trabalhos de Pesquisa Científica e Sensibilização Ambiental, sempre buscando a permanência destes animais na natureza.

Desenvolvemos pesquisas sobre a fauna nativa de marsupiais presente em unidades de conservação e áreas urbanizadas. Além de contribuir com a comunidade científica, estes estudos levam conhecimento para a população utilizando-se de ferramentas e produtos culturais e educativas, instigando a empatia das pessoas pela natureza e até incentivando o surgimento de novos pesquisadores.

Nosso grande objetivo é mostrar a riqueza dessas espécies e sua grande importância para o ecossistema como um todo e para o ser humano em particular. A nossa missão é instigar a empatia das pessoas pelos marsupiais e promover sua conservação.


Você pode Acompanhar o Projeto Marsupiais por pela aba Projeto Marsupiais em nosso site e pelas redes sociais.

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