Selo dos Correios que homenageia Sebastião Salgado e o Instituto Terra é lançado na COP 30
- Leonardo Merçon

- há 7 minutos
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Os Correios lançaram selos em homenagem ao Instituto Terra, Sebastião Salgado e Lélia Wanick na COP30. Tive a honra de as minhas imagens representarem essa ação.
Um pedaço da minha história
É impossível falar da minha trajetória como fotógrafo de natureza sem lembrar do Instituto Terra. Desde 2010/2011, quando pisei pela primeira vez naquela floresta em regeneração, eu já sabia que havia algo especial ali. Fui a convite da Lélia Wanick e do próprio Sebastião Salgado, meu ídolo e uma das grandes inspirações para seguir esse caminho.

A floresta ainda dava seus primeiros sinais de recuperação. Tinha em torno de dez anos. Algumas áreas já mostravam avanço, outras ainda carregavam as marcas da degradação. Meu papel era simples: fotografar a natureza local. Mas o que vi ali transformou minha forma de ver o mundo e meu papel como artista.
Uma homenagem que emociona
Essa semana, durante a COP 30 em Belém, os Correios lançaram uma coleção especial de selos postais em homenagem ao Instituto Terra, à Lélia e ao Sebastião Salgado. E, para minha surpresa e alegria, as imagens escolhidas para representar essa história tão poderosa foram feitas por mim, durante os anos em que acompanhei de perto o renascimento daquela floresta.

A utilização dos registros que nasceram da minha lente, para ações importantes, é algo que me emociona profundamente. Uma honra e a sensação de fazer parte, ainda que de forma pequena e simbólica, de um capítulo tão bonito da conservação brasileira.
Uma história de transformação
Foram muitos os aprendizados. Durante o tempo que vivi e fotografei no Instituto Terra, há 15 anos, vi a floresta ganhar força, a fauna se multiplicar, a comunidade crescer junto com as árvores. Jaguatirica, irara, cachorro-do-mato, mão-pelada, paca, centenas de espécies de aves. A vida voltando a ocupar um espaço que antes estava ferido, desértico.
Dez anos depois, em 2019, voltei à região, desta vez a convite da BBC de Londres, para documentar o avanço da regeneração para o documentário Green Planet (Planeta Verde). Vi com meus próprios olhos a evolução do que começou com sementes, hoje abrigando árvores maiores, e para a minha surpresa, o retorno de animais de topo da cadeia alimentar, como o lobo-guará, o bugio e a onça-parda, que antes certamente (devido ao uso exaustivo de armadilhas fotográficas), não estavam por lá.
Juliano Salgado e a continuidade do sonho
Na cerimônia de lançamento dos selos, na COP 30, foi Juliano Salgado, filho de Sebastião e Lélia, quem representou a nova fase dessa caminhada. Ele abraçou a missão com a energia da juventude, aliando inovação à sabedoria que herdou dos pais.
É inspirador ver como esse legado segue vivo, um lembrete de que a conservação é feita de continuidade. Histórias que passam de geração para geração. De gente que planta sabendo que talvez não veja a “floresta completa”, mas que planta mesmo assim.
Pequena participação, grande alegria
Minha participação nessa história pode parecer pequena. Mas, para mim, significa muito. Ao longo dos anos, me tornei parceiro do Instituto Terra. Sempre que precisam de registros fotográficos, sou convidado a voltar. E volto com a mesma alegria de quem visita a casa de amigos queridos.
Agradeço também à equipe do Instituto Terra, que está lá, trabalhando com todo o coração. Um abraço ao Mário, Marilda, Camila, Gilson, Sergio, Regis, Gecio, Carolina, Thaís, Elisangela, Pedro, Olívia, Gabriela, Alan, Andrée, Arlon, Diego, Gilmar, Isabela, Lilian, Lucas, Marcella, Karina, Silvia, Maria Helena, Muryllo, Pieter, Roberto, Zé Armando, Weverton e muitos outros amigos. É com gente assim que as grandes ideias se tornam possíveis.
Emoção
Hoje, escrevo essa matéria emocionado. Porque, mesmo não estando presencialmente na COP 30, sinto que uma parte de mim está lá. Representada nessas imagens que contam a história de um Brasil que resiste, que regenera, que acredita.
Que essa homenagem toque outras pessoas como me tocou. Que mais sementes sejam lançadas. Que mais histórias floresçam.
E que, como nos ensinou o Instituto Terra, quando tudo parecer perdido, como um deserto árido, sempre há um caminho de volta, basta começar.

























































































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