Anfíbios da Mata Atlântica: Pesquisadores do Instituto Últimos Refúgios publicam artigo em revista científica
- Vitor Pinheiro
- há 5 dias
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O Instituto Últimos Refúgios, por meio do pesquisador Dr. Thiago Silva-Soares junto à bióloga Natalia Soares Campos, acaba de ter mais um trabalho publicado na literatura científica. Os herpetólogos assinam um artigo na revista "Herpetologia Brasileira" que revela novos comportamentos anti-predatórios da pererequinha (Ololygon trapicheiroi), espécie endêmica da Mata Atlântica.
A descoberta foi realizada a partir de um monitoramento de campo realizado ao longo de mais de uma década, no estado do Rio de Janeiro. Os pesquisadores documentaram diferentes estratégias usadas pela perereca para escapar de predadores, como simulação de morte, imobilidade, exibição de coloração escondida e até um comportamento inédito no gênero, o “mouth gaping”.
A pesquisa contribui para ampliar o conhecimento sobre os mecanismos de defesa entre anfíbios e destaca a importância de espécies pequenas e discretas como a Ololygon trapicheiroi para a biodiversidade da Mata Atlântica.
Confira o relato de Thiago Silva-Soares, Biólogo e pesquisador de herpetofauna sobre a pesquisa:
"Foi muito especial. Depois de seis anos de monitoramento nessa região que eu tenho no coração — a região de Lídice, em Rio Claro, no Rio de Janeiro — tive a oportunidade de registrar um comportamento incrível em uma pequena pererequinha.
O mais curioso é que, naquele momento, ela me reconheceu como um potencial predador, sem saber que eu era, na verdade, o pesquisador que estava ali justamente para monitorar e proteger ela e outras espécies de anfíbios e répteis. Nosso trabalho estava vinculado ao monitoramento ambiental de uma pequena central hidrelétrica na região, e foi durante essas atividades que comecei a observar algo diferente.
A primeira vez que percebi esse comportamento foi com essa pererequinha da foto (referenciar na foto). A partir dali, comecei a prestar mais atenção e notei o mesmo tipo de resposta em diferentes indivíduos e espécies. Essa população em especial ficava próxima de um píer, na beira do rio. Sempre que eu podia, passava lá para observar — e cada nova visita revelava um detalhe novo desse comportamento defensivo diante da minha presença

Com o tempo, fui compilando essas informações, sempre com respeito ao espaço e à vida delas.
E o melhor de tudo: na minha última visita à área em 2024, mesmo após seis anos sem visitar a área de estudo, elas ainda estavam lá — firmes, saudáveis e no seu cantinho favorito!"
Natália Campos ressaltou que tem grande afinidade com a área de estudos comportamentais de anfíbios anuros e gostou muito quando foi convidada para desenvolver a pesquisa.
“Conforme analisamos as imagens percebemos que esses mecanismos anti-predatórios eram registros inéditos para a espécie. Então decidimos publicar e escolhemos a Revista Brasileira de Herpetologia para valorizar as revistas nacionais. O trabalho foi revisado pelos editores da revista e ficamos muito felizes com o aceite imediato”, concluiu a bióloga.
Parabéns pelo trabalho.