Iasmin Macedo e Brenda de Souza Rocha
Extinção de Marsupiais pelo mundo
Extinção: acreditamos que muitos já ouviram essa palavra e sabem que ela não é uma coisa muito boa. No dicionário, significa desaparecimento definitivo de uma espécie animal ou vegetal.
Este processo pode ser causado por vários fatores, mas hoje em dia o principal é a ação antrópica, que são alterações provocadas pelo homem no planeta terra. As alterações podem ser diminuição, poluição e destruição dos habitats, caça predatória, inserção de espécies exóticas, entre outras. Além das mudanças climáticas que também possuem relação com as atitudes dos seres humanos.
Foto: Incêndio no Brejo Herbáceo do PEPCV - Leonardo Merçon 2008
Existem diferentes formas de extinção, como por exemplo a filética, a de fundo, em massa e a funcional. A extinção filética acontece quando uma espécie muda tanto que se transforma em outra totalmente diferente. A de fundo, quando duas espécies diferentes competem por um mesmo recurso, e só uma sobrevive. A extinção em massa, é como a extinção dos dinossauros, levando várias espécies num curto período a desaparecerem. Por fim temos a funcional, que diferente das citadas acima, ainda permanecem alguns indivíduos, no entanto estes não conseguem manter a espécie ou quando desaparecem os registros fósseis ou registros históricos.
Além destas formas de extinção, tem-se algumas espécies que são ditas como extintas na natureza, sendo então espécies que só temos em cativeiros, como zoológicos.
Foto: Orangotango-de-borneu (Pongo pygmaeus) em cativeiro (espécie não extinta na natureza) - Leonardo Merçon 2013
Por que os Coalas foram ditos como funcionalmente extintos?
Os coalas (Phascolarctos cinereus) são marsupiais encontrados na Austrália. Vivem cerca de 20 anos, são considerados sexualmente maduros entre 3 e 4 anos. Possuem poucos predadores, o que poderia ajudar a manter uma grande população. No entanto, esses animais vêm sofrendo muito com o aquecimento global e com a caça predatória.
Foto: Coala (Phascolarctos cinereus) descansando em uma árvore - Thiago Silva-Soares 2018
Recentemente a Fundação Australiana dos Coalas (Australian Koala Foundation - AKF) anunciou que os Phascolarctos cinereus estão funcionalmente extintos. Existem dois motivos para uma espécie ser dita como funcionalmente extinta, o primeiro é quando ela já não tem indivíduos suficientes em idade reprodutiva para gerar uma próxima geração e essa baixa quantidade de coalas pode causar endocruzamentos, acasalamento de animais geneticamente próximos, perdendo a variabilidade genética e também podendo nascer animais com má-formação; o segundo é quando o animal não causa impacto significativo no seu ecossistema. No caso do coala, ele se alimenta do eucalipto e há uma interação entre os dois, um crescimento mútuo: quando um mudava o outro também mudava, agora isso não acontece mais, como se o eucalipto tivesse se adaptado à vida sem esse consumidor.
Outros dois marsupiais australianos que estão entrando para a lista de animais em Extinção: O Wombat e o Diabo da Tasmânia!
Wombats, ou vombates, são marsupiais endêmicos da Austrália. Vivem em média 14 anos, sua dieta é basicamente herbívora. São mamíferos com hábitos noturnos e com o tamanho entre 90 a 115 centímetros. Eles são de difícil observação na natureza por serem noturnos e vivem em tocas subterrâneas que são construídas com suas poderosas garras e dentes. Existem poucos desses animais em vida livre, e eles vem sofrendo com uma doença, a sarna sarcóptica, que pode abrir portas para doenças secundárias que podem ser fatais, então além de sofrer com os impactos causados pelos seres humanos, também sofrem com essas doenças que pode extinguir a espécie.
Foto: Wombat em cativeiro - Thiago Silva-Soares 2018
São três espécies existentes na Austrália: Vombatus ursinus, Lasiorhinus krefftii e Lasiorhinus latifrons. Duas delas estão sob ameaça da doença, que pode deixá-los surdos e cegos antes de matá-los. Causada por uma infestação de ácaros que levam a infecções secundárias que podem debilitar e eventualmente matar o animal. Os ácaros vão literalmente cavando a pele dos animais causando coceira, o que irrita a pele. Além disso, eles abrem porta para o surgimento de infecções bacteriana, levando à extinção as duas espécies afetadas.
Já o Diabo da tasmânia, conhecido cientificamente por Sarcophilus harrisii, ou popularmente como “Taz” do desenho animado Looney Tunes, vem sofrendo com um câncer contagioso. O câncer é transmitido por meio do contato físico, que provoca uma deformidade no focinho e boca do animal, impossibilitando-os de se alimentarem. O caráter agressivo do animal abriu caminho para a disseminação da doença. Estima-se que desde de 1996 a espécie perdeu 80% de sua população, o que a classificou como vulnerável na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
Foto: Personagem de desenho animado da Walt Disney, Looney Tunes, Taz - Diabo da Tasmânia. Imagem encontrada no Wallpaper Safari
Em contrapartida, esta espécie teve uma luz no fim do túnel, pesquisadores brasileiros descobriram uma proteína em aranhas-caranguejeiras que tem poder de atuar no desenvolvimento celular. A proteína modifica e dificulta o desenvolvimento das células de tumor. O pesquisador Pedro Ismael da Silva Jr., do Centro de Toxinas, Resposta-imune e Sinalização Celular (CeTICS), ainda sugere que essa proteína pode ter ação em qualquer tipo de câncer.
Além desses três, temos mais de onze outras espécies de marsupiais não brasileiros que estão em risco de extinção, que são os Woylies, Talaud-bear-cuscus, Gambá-pigmeu-da-montanha, Cangurus-arborícolas, Tenkile, Dorcopsis-preto, Gambá-leadbeater, Gambá-esbelto-de-Handley, Planador-do-norte, Cuscos, Dunnart-da-ilha-kangaroo.
E os marsupiais Brasileiros? Existe alguma espécie que corre risco de extinção?
Temos espalhados pelo Brasil, cerca de 57 espécies de marsupiais. Em 2018 o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - Ministério do Meio Ambiente, lançou a atualização do Livro Vermelho, que aborda as espécies ameaçadas do país. Nele estão listadas 7 (sete) espécies de marsupiais que correm perigo, quatro delas são: cuíca-de-colete (Caluromysiops irrupta), cuíca (Marmosops paulensis), catita (Thylamys macrurus) e catita (Thylamys velutinus).
Infelizmente, tanto na lista nacional, quanto na IUCN, a maioria delas está listada como fora de perigo, mas quando avaliamos as espécies por estado a situação é totalmente alarmante.
Como por exemplo vamos citar a Cuíca-d’água (Chironectes minimus), listada como Menos preocupante (LC) nas listas nacional e internacional, no entanto está criticamente em perigo (CR) ou vulnerável (VU) em diversos estados brasileiros. Inclusive no estado do Espírito Santo, onde não é registrada cientificamente desde 1940.
Cuíca-d’água (Chironectes minimus) no Cerrado brasileiro - Leonardo Merçon 2016
Outra espécie que está na mesma situação é a Catita-de-cauda-curta (Monodelphis scalops), também classificada como pouco preocupante, mas na lista de espécies ameaçadas do estado do Espírito Santo está criticamente em perigo.
Esses dados nos colocam em alerta, sugerindo que precisamos de muitos mais estudos para conhecer cada vez mais as espécies em nosso país. Com esses resultados é possível estabelecer ações mais efetivas para a preservação da nossa fauna.
Somos mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, se todos nós fizéssemos um pouquinho pelo meio ambiente nenhum animal ou planta estaria em extinção ou conseguiríamos preservar o pouco que nos resta. Lembre-se que ajudando o meio ambiente e a esse animais estamos ajudando a nós mesmos.
Foto: Gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita) em Pedra Azul, ES - foto por Leonardo Merçon 2014
O Projeto Marsupiais é uma iniciativa do Instituto Últimos Refúgios, criado em 16 de maio de 2017. Sua ações visam a permanência das espécies de marsupiais nos ambientes naturais, assim eles poderão contribuir exercendo seu papel ecológico. As ações de conservação dos marsupiais realizadas pelo projeto envolvem principalmente a disseminação de informações e curiosidades sobres essas espécies e com isso é possível sensibilizar a população para a importância dos animais, como os gambás, que por vezes são muito discriminados.
O projeto também atua em apoio ao resgate, cuidados, reabilitação e soltura de marsupiais. Com isso, ajuda a manter as populações de gambás e cuícas em ambientes de preservação.
Email: projetomarsupiais@gmail.com
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Artigo 29 da Lei nº 9.605 (Lei de Crimes Ambientais) de 12 de Fevereiro de 1998
É crime - Matar, perseguir, caçar, apanhar, utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. Pena - detenção de seis meses a um ano, e multa.
O Instituto Últimos Refúgios é uma organização sem fins lucrativos na qual os participantes são voluntários e precisa de recursos para financiar as suas atividades. Se gosta de nosso trabalho e quer que ele continue, saiba como colaborar clicando na imagem abaixo ou no link: PARTICIPE.
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