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  • Júlia Bragatto Luchi e Karol Mayra

Cacimba de Mágoa: uma voz aos ribeirinhos do Rio Doce


O Instituto Últimos Refúgios (UR), com colaboração do Instituto O Canal, produziu o clipe da música “Cacimba de Mágoa”, composta pela banda Falamansa em parceria com o cantor Gabriel, o Pensador. O vídeo, dirigido pela coordenadora audiovisual do UR, a alemã Ilka Westermeyer, é um protesto pela falta de ações de amparo às famílias atingidas pelo rompimento da barragem da Samarco em novembro do ano passado e foi lançado na última segunda-feira (15), no Youtube.


O clipe retrata a destruição do Rio Doce causada pelos rejeitos de minérios da cidade de Mariana (MG) que chegaram até a Vila de Regência, litoral do Espírito Santo – maior desastre ambiental do país. As imagens de “Cacimba de Mágoa” foram feitas pelo fotógrafo capixaba e presidente do Últimos Refúgios, Leonardo Merçon, dentre outros colaboradores.


Cada visualização será revertida em doação para um fundo de assistência às famílias que vivem no entorno do Rio Doce e perderam suas casas e sua fonte de sustento. Até o momento, mais de 44 mil pessoas já viram o vídeo.


Várias personalidades sensíveis à causa participaram do clipe: como Neymar, os surfistas Gabriel Medina e Carlos Burle, os atores Caio Castro e Eri Johnson, as atrizes Grazi Massafera, Nanda Costa, Paolla Oliveira e Cris Vianna e os cantores Thiaguinho, Michel Teló, Bucheca, Anitta e Paula Lima.


Letra da música:


Cacimba de Mágoa - Gabriel O Pensador (part. Falamansa) O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do rio Doce De Regência a Mariana

Mariana, Marina, Maria, Márcia, Mercedes, Marília Quantas famílias com sede, quantas panelas vazias? Quantos pescadores sem redes e sem canoas? Quantas pessoas sofrendo, quantas pessoas?

Quantas pessoas sem rumo, como canoas sem remos Como pescadores sem linha e sem anzóis? Quantas pessoas sem sorte, quantas pessoas com fome? Quantas pessoas sem nome, quantas pessoas sem voz?

Adriano, Diego, Pedro, Marcelo, José Aquele corpo é de quem, aquele corpo quem é? É do Tião, é do Léo, é do João, é de quem? É mais um joão-ninguém, é mais um morto qualquer

Morreu debaixo da lama, morreu debaixo do trem? Ele era filho de alguém e tinha filho e mulher? Isso ninguém quer saber, com isso ninguém se importa Parece que essas pessoas já nascem mortas

E pra quem olha de longe, passando sempre por cima Parece que essas pessoas não têm valor São tão pequenas e fracas, deitando em camas e macas Sobrevivendo, sentindo tristeza e dor

Quem nunca viu a sorte pensa que ela não vem E enche a cacimba de mágoa Hoje me abraça forte, corta esse mal, planta o bem Transforma lágrima em água

O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do rio Doce De Regência a Mariana

O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do rio Doce De Regência a Mariana

Quem olha acima, do alto, ou na TV em segundos Às vezes vê todo mundo mas não enxerga ninguém E não enxerga a nobreza de quem tem pouco mas ama De quem defende o que ama e valoriza o que tem

Antônio, Kátia, Rodrigo, Maurício, Flávia e Taís Trabalham feito formigas, têm uma vida feliz Sabem o valor da amizade e da pureza Da natureza e da água, fonte da vida

Conhecem os bichos e plantas e, como o galo que canta Levantam todos os dias com energia e com a cabeça erguida Mas vêm a lama e o descaso, sem cerimônia Envenenando o futuro e o presente

Como se faz desde sempre na Amazônia Nas nossas praias e rios impunemente

Mas o veneno e o atraso, disfarçado de "progresso" Que apodrece a nossa fonte e a nossa foz Não nos faz tirar os olhos do horizonte Nem polui a esperança que nasce dentro de nós

É quando a lágrima no rosto a gente enxuga e segue em frente Persistente como as tartarugas e as baleias E nessa lama nasce a flor que a gente rega Com o amor que corre dentro do sangue, nas nossas veias

Quem nunca viu a sorte pensa que ela não vem E enche a cacimba de mágoa Hoje me abraça forte, corta esse mal, planta o bem Transforma lágrima em água

O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do rio Doce De Regência a Mariana

O sertão vai virar mar É o mar virando lama Gosto amargo do rio Doce De Regência a Mariana

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