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  • Augusto Milagres e Gomes - Biólogo

Em busca da natureza selvagem

Talvez a palavra em inglês “wilderness” coubesse melhor para este título, mas ela não tem uma tradução precisa para o português. Contudo, mexe muito comigo desde a primeira vez que a li. Mais do que um simples significado, ela carrega toda minha filosofia de vida.


Cresci numa família de aventureiros. Minha infância foi desenhada pela janela do carro, pelos campos rupestres e pores-do-sol da Serra do Cipó, por sapos, passarinhos, grilos, morcegos e sempre vivas, pelas cores do Cerrado e pelos sons da noite. A imagem de uma natureza prístina, selvagem e intocada permaneceu vívida na minha cabeça desde então. Obviamente, essa bagagem cultural teve influência sobre toda a minha vida. E não poderia dar em outra. Estudei Biologia e fiz metrado em Ecologia.

Entretanto, com o tempo descobri que eu não me contentaria apenas em entender a vida, mas precisaria também levar esse fascínio adiante. Seria muito egoísmo caso eu tivesse vivências tão fantásticas na natureza e não pudesse compartilhá-las com outras pessoas. Ademais, percebi que, se eu quisesse ter alguma influência real sobre a conservação da biodiversidade, precisaria descer do pedestal acadêmico e conversar com a sociedade. Isso fez com que a fotografia tomasse um lugar central em minha vida.


Neste momento, comecei a buscar imagens que não somente fizessem sentido para mim, seja a título de registro ou encantamento pessoal, mas que também passassem uma mensagem para outras pessoas. Isso não é tarefa fácil. Tecer histórias visuais exige domínio extremo da técnica fotográfica, apuramento do olhar, embasamento teórico e uma visão global e interdependente sobre o assunto de interesse. Mais do que isso, falar por imagens exige proximidade e intimidade com o tema. Para minha sorte, nenhum tema fazia mais parte da minha vida do que a própria natureza selvagem. E é exatamente por isso que passei a procurar.

Me aventurar em pântanos, subir montanhas, embrenhar em florestas à noite em busca de animais raros, vagar sozinho pelos sertões e madrugar para ver o raiar do dia viraram cenas comuns no meu cotidiano. Apesar de todo o “perrengue” envolvido, como apelidamos em Minas Gerais as situações arriscadas e difíceis, o resultado é fantástico. Não há nada mais gratificante do que perceber que nosso trabalho pode influenciar outras pessoas. Cada comentário, reação, curtida ou mensagem dizem um pouco sobre o poder da imagem aliada à ciência. A máxima “só protegemos o que conhecemos” nunca esteve tão em alta. Mas acredito que ela pode ser modificada para “só protegemos o que conhecemos e o que gostamos”. E é exatamente disso que precisamos: encantar e informar as pessoas!


Concluo este artigo com uma frase que mudou minha vida e me despertou o interesse pela fotografia, eternizada por Christopher McCandless, no filme “Into the Wild”: “a felicidade só é real quando pode ser compartilhada”.


* Texto e fotos de Augusto Milagres e Gomes, Biólogo, mestre em ecologia e fotógrafo da natureza.

Conheça mais sobre o trabalho do Augusto no LINK.

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